Terminais avaliam pedir indenização da Ultracargo

 

Terminais do porto de Santos admitem acionar a Ultracargo para pedir ressarcimento pelos danos causados em decorrência do incêndio. O Valor conversou com vários empresários e eles devem acionar a empresa tão logo o incêndio acabe, pedindo reparação por danos causados pela falta de operação e perda de cargas. O Sindicato das Agências Marítimas do Paraná informou que quatro navios que deveriam ter atracado em Santos foram redirecionados ao porto de Paranaguá nesta semana, em virtude do incêndio. Eles estão no chamado "line up" – a fila de navios que aguarda carregamento. O sindicato afirmou ainda que navios que costumam abastecer em Santos, para seguir viagem ao Sul, estão agora abastecendo no Rio de Janeiro. A expectativa do porto parananese é que o movimento de navios desviados, sobretudo contêineres, se intensifique nos próximos dias.

 

O terminal mais atingido em Santos foi a BTP, que fica próximo ao píer da Alemoa, onde desembocam os dutos da Ultracargo. Um dos berços da empresa estava sendo usado por rebocadores para bombeamento de água no combate às chamas. Pelo menos seis navios deixaram de atracar na BTP e foram transferidos para terminais da margem esquerda (Guarujá). O Valor apurou que a fuligem da fumaça preta e a espuma para combate ao fogo danificaram carros que estavam em um terminal para exportação próximo ao local. A Libra Terminais teve de deslocar ontem um navio com quase 1.500 contêineres de importação para a Embraport, do outro lado do canal. Entre amanhã e sexta-feira está prevista a chegada de mais duas embarcações na Libra, dessa vez para receber cargas de exportação.

Como a chegada de carretas em Santos está proibida, a Libra possivelmente não conseguirá operar. "Existe esse risco se o incêndio não acabar até amanhã [hoje]", disse o diretor-geral da Libra em Santos, Roberto Teller. Segundo a agência de notícias Reuters, grandes exportadoras de soja que operam na margem direita do porto não têm mais estoques suficientes para manter o ritmo habitual de embarques, após a restrição de acesso para caminhões, informou a Abiove, entidade que reúne as grandes indústrias e tradings do setor. "Os estoques do porto não seguram mais os embarques na margem direita", disse à Reuters o gerente de economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral. Empresas também relataram à Abiove que a velocidade dos trens na região está abaixo do normal, ampliando as dificuldades no abastecimento dos terminais graneleiros. Questionado se pretende acionar a Ultracargo, o ministro dos Portos, Edinho Araújo, disse que "neste momento não fará nenhum pré-julgamento".

Mas ele afirmou que será necessário uma grande avaliação sobre os planos de segurança após o fim do incêndio. A baixa taxa de oxigênio, a temperatura elevada e a presença de combustível na água foram apontadas como prováveis causas para a mortandade de peixes no canal do Estuário, após o incêndio em Santos, segundo boletim divulgado ontem pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.