Porto de Santos aposta na modernização

O movimento no Porto de Santos, o maior da América Latina, é grande no momento. Não se trata, no entanto, só de deslocamento de carga. Vários setores estão sendo modernizados ou reajustados, há investimentos em obras e na administração, e procedimentos são revistos. O objetivo é modernizar toda a gestão portuária e sua logística integrada, reduzir tempo de operação e custos, por exemplo, com a reformulação de processos.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) se ajusta ao projeto de Modernização da Gestão Portuária, de 2014, e afina suas práticas, preparando-se para concorrer com portos particulares. Os investimentos devem ser da ordem de R$ 1 bilhão este ano. “Estamos nos preparando para sermos tão eficientes quanto os privados”, diz o diretor presidente Angelino Caputo e Oliveira. “Muita coisa pode ser melhorada.”

Em 2014, foram investidos cerca de R$ 121,4 milhões, entre recursos próprios e do Tesouro Nacional, no sistema viário, na estrutura dos cais, na usina hidrelétrica que abastece o porto. Além disso, mais R$ 66,1 milhões foram aplicados na dragagem dos berços de atracação e em trechos do canal de navegação, elevando o calado para -13,2 metros, maior profundidade na história do local.

Há 84 processos sendo revisados e modernizados. Entre eles está, por exemplo, a fiscalização de obras e a manutenção da infraestrutura. A ideia também é normatizar e estruturar os procedimentos para que possam ser seguidos por todos. Sete grandes obras estão em andamento ou em fase de contrato. Alguns trechos das vias perimetrais estão prontos ou em licitação. Uma terceira licitação para a dragagem dos canais deve ser feita no dia 27 – as duas anteriores fracassaram e foi preciso fazer ajustes no edital. De acordo com o diretor presidente, a incerteza cambial resultou em preços “salgados demais”.

Estudo feito em 2009 prevê que em 2024 até 230 milhões de toneladas podem passar pelo Porto de Santos por ano. Em 2013, foram movimentadas ali 114 milhões de toneladas e, no ano passado, 111 milhões, queda de 2,6% em função das contração econômica. Para este ano, Oliveria trabalha com três cenários. No conservador, o porto movimentará o mesmo que em 2013. No mais otimista, podem passar por ali 118 milhões de toneladas. Caso a crise se agrave, contará somente com 108 milhões de toneladas.

Atingir a marca de 230 milhões de toneladas por ano chega a assustar o diretor presidente. Mas ele espera que a bonança do país se concretize. A fim de ampliar a capacidade do porto, é preciso começar a investir agora. Afinal, algumas obras podem levar três ou quatro anos até serem concluídas. Mas nem tudo depende de novas construções. Modernizar processos pode aumentar a produtividade e, com isso, a movimentação de carga será expandida. “Trabalhar na gestão e na infraestrutura é um conjugado que vai nos salvar”, diz Oliveira. Se em outros portos a carga é deslocada em cinco ou seis dias, em Santos o procedimento leva, em média, de 15 dias. Por isso os processos estão sendo revisados, para que o tempo total seja reduzido. “Cada pedaço pode ser mais eficiente”, afirma. “Às vezes é possível dobrar a capacidade sem investir.”

Um exemplo disso, diz Oliveira, foi a solução dos engarrafamentos provocados pelos caminhões. Em 2014, não houve nenhum. “Qual foi a mágica? A gestão! Às vezes só a gestão resolve o problema. Se consigo melhorar o processo, por que investir milhões e milhões? ” De acordo com documento da Codesp, será implantado o sistema Cadeia Logística Portuária Inteligente (Portolog), com o objetivo de “sincronizar a chegada dos navios e das cargas nos terminais, a programação e o credenciamento de veículos para uso racional e utilização da plena capacidade de acesso ao porto”.

O projeto de Modernização da Gestão Portuária está sendo desenvolvido com assessoria da Deloitte,e será implementado pelas outras companhias Docas. O corpo gerencial do porto também vem sendo assistido pela Fundação Dom Cabral, a fim de se adequar ao redesenho da empresa.

Ainda de acordo com o relatório, a diretoria executiva vem analisando estudos em cinco áreas temáticas: planejamento corporativo; acessibilidade de todos os modais (ferroviário, rodoviário, dutoviário e hidroviário); utilidades, ou seja, abastecimento de energia e água, tratamento de resíduos e planejamento de telecomunicações, entre outros; desenvolvimento de instalações portuárias; e planejamento econômico.