Para o ministro Armando Monteiro, TPP não prejudica o Brasil

"O Acordo Transpacífico (TPP), firmado entre EUA e mais 11 países, não vai prejudicar o Brasil." A afirmação é do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, para quem o país precisa acelerar o passo como forma de aproveitar esse movimento que está acontecendo e que, segundo ele, já era previsível.

– Esse acordo vem sendo negociado há oito anos. Portanto, não é algo que nos surpreendesse. Isso significa que o Brasil precisa promover iniciativas que nos conduzam a uma maior interação com essa rede de acordos internacionais – disse, enfatizando que, em função do TPP, o Brasil vai acelerar o seu acordo com a Europa: “creio que seja prioritária essa ação de integração entre a União Européia, Brasil e Mercosul.”

O ministro, que participou da abertura da XXVI Assembléia Geral do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), ontem, quinta-feira, no Rio, acredita que esse movimento do Brasil com a União Européia seja uma resposta do país ao TPP. Segundo ele, essa iniciativa eleva o grau de interesse daquele bloco econômico e também do Mercosul.

– O acordo nos oferece a oportunidade nessa reconfiguração dos blocos no mundo. E o Brasil pode, sim, se integrar nesse acordo porque ele não exclui, em si, nenhum país. Portanto, o Brasil pode, no momento adequado, se integrar a esse movimento.

Armando Monteiro frisou que não se pode deixar de considerar como objetivo o comércio livre com os EUA e os países da Bacia do Pacífico. Segundo ele, esse acordo não proíbe o Brasil de ter um relacionamento mais intenso com os americanos. Os EUA, nesse ano, de acordo com ele, já é o principal destino das exportações de manufaturados brasileiros.

– Nós já exportamos US$ 20 bilhões para o mercado americano e estamos removendo barreiras tarifárias hoje para ter o acesso de bens industriais. Essas barreiras tarifárias são mais importantes do que as tarifárias porque as tarifas médias no EUA são baixas, 3,5%. E as barreiras não-tarifárias como, por exemplo, as de normas técnicas – que são exigidas de produtos brasileiros – disse, acrescentando que o país precisa fazer um trabalho para harmonizar, criar uma convergência no Plano Regulatório, para melhorar as condições de acesso dos produtos nacionais.

Como próximo passo do Brasil com a União Européia, ele afirmou que o pais está pronto e que vai iniciar a troca de oferta. A expectativa, diz, é que isso aconteça no próximo mês.

– Acho que o Mercosul está sendo desafiado a promover também seus movimentos de integração. Acho que, em relação a União Européia a esse acordo, vai aumentar o interesse deles e, portanto, precisa fortalecer esse eixo de integração com a América do Sul.

O ministro Armando Monteiro disse ainda que o resultado da balança comercial referente às importações caíram, porém, frisou que o Brasil é um dos poucos países do mundo, de acordo com dados da OMC, que aumentaram o volume físico nesse ano em cerca de 8%. Também frisou que o país aumentou suas exportações de manufaturados em 5%.

– Se os preços das commodities hoje fossem o mesmo do ano passado, o resultado da balança comercial seria superior a US$ 35 bilhões. Evidente que tem o efeito do câmbio. Mas, há, sim, um claro engajamento do setor empresarial nesse esforço de exportação – disse, acrescentando que vai haver um aumento nas exportações de produtos manufaturados. E o déficit vai se situar em torno de US$ 80 bilhões.