O que faremos com os nossos portos?

A baixa competitividade da indústria brasileira é consequência de vários fatores. Decorre da alta carga fiscal (que vai se aproximando de 40% do PIB), do câmbio supervalorizado, dos juros bancários, do baixo investimento em pesquisa científica e tecnológica e da deficiente infraestrutura. Lembro-me da luta que desencadeamos, em 1973, quando Ernesto Geisel lançou o programa “corredores de exportação” e excluiu dos investimentos voltados à infraestrutura portuária os terminais marítimos catarinenses.Eu era oposição ao regime autoritário de 1964, mas reconheci que aquele era um programa bem estruturado, que poderia levar o País a um aumento significativo de sua participação do comércio internacional. Deputado estadual, consegui aprovar um requerimento para criação de comissão parlamentar. Articulei a presença, em Brasília, de prefeitos, presidentes de câmaras de vereadores e das associações empresariais do Norte de SC, e, junto com os senadores e deputados federais, entupimos os gabinetes do Ministério dos Transportes e da extinta Portobrás.

A ação deu resultado: São Francisco do Sul foi incluído entre os portos que receberiam investimentos do governo, no terminal e em pavimentações rodoviárias de acesso. O governador Konder Reis atuou para que a Cidasc instalasse estrutura de armazenamento e movimentação de grãos no porto da Babitonga, no que foi seguido pela iniciativa privada, transformando São Francisco em importante plataforma de comércio exterior. Enquanto isso, outros investimentos faziam agigantar-se o Porto de Itajaí, que, destruído na última enchente, recebeu do governo Lula recursos que permitiram sua recuperação.

Do outro lado do rio, investimentos privados garantiram a construção do terminal de Navegantes. Imbituba, que estava sufocado por uma concessão inerte, livrou-se da paralisia com a presença de importantes grupos privados, que estão assegurando a transformação daquela velha estrutura no porto estratégico do Mercosul.

De porto isolado, São Francisco do Sul transformou-se num complexo portuário com a construção dos terminais de Itapoá e da Babitonga. Ali fizemos parceria com o governo federal, modernizando a infraestrutura do cais e aumentando o calado do canal de acesso para 14 metros, com dragagem e derrocagem de rochas submarinas. Criamos uma política de incentivos às exportações e importações, atraindo centenas de empresas do Brasil e do exterior, que fizeram a economia do Estado dobrar e a arrecadação do governo catarinense quase triplicar.

Agora, nos defrontamos com uma ameaça de revogação abrupta da movimentação portuária em SC. Os catarinenses precisam perceber a ameaça que ronda a nossa economia. O que faremos com os nossos portos?