Ministro descarta reajuste de tarifas no porto de Santos

O ministro da Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República, Edinho Araújo, descartou a possibilidade imediata de se reajustar as tarifas do Porto de Santos, congeladas há 10 anos. A atualização desses valores foi proposta pelo presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária), Angelino Caputo e Oliveira, que teme pelo descompasso financeiro da estatal.

O titular da SEP afirmou ontem, para A Tribuna, que o Palácio do Planalto tem reiterado a necessidade de o Governo se adequar num momento econômico considerado difícil. Por isso, corrigir essas taxas não é encarado como prioridade pela SEP. Para a pasta, primeiro, deve-se concentrar esforços na contenção de gastos internos.

“A Codesp não entrará no vermelho. Ante essa possibilidade, temos que fazer como na iniciativa privada: olhar para dentro da empresa, promovendo um plano de contingenciamento competente no sentido de diminuir despesas e aumentar receitas”, afirmou o ministro. Apesar disso, não foi descartado retomar essa discussão no futuro.

A declaração de Edinho Araújo ocorre após entrevista exclusiva do presidente da Docas a A Tribuna, publicada na última sexta-feira. Nela, Caputo afirmou que é possível a companhia ter prejuízo no semestre. Ele considerou a chance após o último balancete interno da empresa identificar a queda no lucro no ano passado em 84,78%, forçando o início imediato de corte des gastos, entre eles, obras e serviços não essenciais.

Uma alternativa apresentada por Caputo para reverter a situação foi o reajuste das tarifas, que considerou defasadas. “Nossas despesas aumentaram e a receita caiu”, resumiu o presidente na ocasião. O presidente da Codesp alegou também que os contratos, as despesas e os salários de todos os funcionários foram reajustados. No entanto, essa correção não foi repassada ao usuário.

Usuários

O diretor presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, discordou ontem da necessidade de se reajustar as tarifas portuárias. Ele elogiou o trabalho de Caputo à frente da Codesp, mas lamentou a declaração do executivo, ponderando a necessidade da atualização das taxações portuárias.

Manteli defende uma readequação interna não só da Codesp como das demais companhias docas, para reverter a possibilidade de crise financeira. “A Docas tem que atualizar sua rotina e cuidar de todos os seus teores. Somos contra, pois senão vamos continuar alimentado uma ineficiência pública com base numa crise interna”, destacou.