DIA DO TRABALHO » Sindicalistas vão a Dilma

Um dia após ser anunciado para o cargo de ministro do Trabalho, Brizola Neto aproveitou as comemorações do Dia do Trabalho para proclamar um discurso de alinhamento com as centrais sindicais, principal base de apoio ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), ao qual é filiado. Em São Paulo, ele assegurou que lutará pela proteção das garantias aos trabalhadores e que tem orgulho de assumir a pasta apoiado pela categoria. A posse do novo ministro – que substituirá Carlos Lupi, demitido por suspeita de corrupção – está marcada para amanhã.Brizola Neto citou que os bons números do emprego no país refletem um ambiente econômico favorável ao aumento da renda, mas como ainda não assumiu oficialmente a pasta evitou se prolongar no discurso. “É esse o ambiente ideal para o avanço das lutas do movimento sindical e do conjunto dos trabalhadores. A união das centrais sindicais é o caminho e, em um ambiente de desenvolvimento econômico de um país que cresce e gera para o seu povo, a classe trabalhadora pode avançar”, declarou o novo ministro.

A festa dos trabalhadores em São Paulo contou ainda com a presença do deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), que também é presidente da Força Sindical. Em seu discurso, Paulinho defendeu a nomeação de Brizola Neto por se tratar de uma pessoa que tem “boa relação com o movimento sindical”. O deputado negou que tenha havido divisões internas no PDT por causa da indicação de Brizola Neto. “O PDT não está rachado. É algo normal. Tiveram três nomes (todos do partido) e um deles foi escolhido, é natural haver divergência com os outros dois. As centrais indicaram o Brizola Neto, agora cabe a nós reatar as relações nos próximos dias”, ponderou. Paulinho disse ainda que os dirigentes das centrais sindicais vão se reunir amanhã com a presidente Dilma Rousseff para discutir os juros bancários.

Isenção

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, informou que as políticas de trabalho do governo Dilma são para a defesa do mercado interno e dos postos, para a garantia de “um emprego de qualidade e de um salário digno para todos”. Carvalho disse ainda que o governo já decidiu que vai conceder isenção de uma parcela do Imposto de Renda sobre a participação nos lucros e resultados (PLR).

Também em São Paulo, sob a bandeira da defesa das mulheres, negros e demais setores oprimidos, a Central Sindical e Popular (Conlutas) reuniu cerca de 4 mil pessoas em uma manifestação na Avenida Paulista. A passeata teve início próximo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e seguiu até a Praça Roosevelt, no Centro. O protesto contou com a participação de delegações internacionais de 20 países, tais como Federação de Sindicatos Independentes (Egito), Union Solidaires (França) e Central Geral de Trabaj adores (Costa Rica).

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, a festa programada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) teve de ser adiada devido à chuva. Também devido ao mau tempo, Brizola Neto cancelou a participação que faria na comemoração carioca. Já as centrais Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Nova Central Sindical mantiveram a programação no Sambódromo, com shows dos cantores Arlindo Cruz e Preta Gil.

As centrais sindicais do Rio de Janeiro aproveitaram a ocasião para manifestar apoio à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do trabalho escravo, que prevê a expropriação de terras onde forem encontrados trabalhadores em situação análoga ao trabalho escravo. A matéria deverá entrar na pauta de votações do plenário da Câmara dos Deputados no próximo dia 8. “Nós, brasileiros, temos que ter vergonha do trabalho escravo no nosso país”, disse o presidente da Força Sindical no estado, Francisco Dal Prá.